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 Abadia de Westminster

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Catherine W. Lawrence
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MensagemAssunto: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptySáb Dez 01, 2012 6:33 pm

Abadia de Westminster







A Igreja do Colegiado de São Pedro em Westmisnter mais conhecida como Abadia de Westminster é uma grande igreja em estilo gótico na Cidade de Westminster, sendo considerada a igreja mais importante de Londres e, algumas vezes, de toda a Inglaterra. É famosa mundialmente por ser o local de coroação do Monarca do Reino Unido. Entre 1546 e 1556 obteve estatuto de Catedral e atualmente é uma Royal Peculiar.





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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptyTer Dez 11, 2012 10:09 pm

O sol se apagara, e as estrelas brilhavam, decorando o céu eterno. Não cintilavam como antes, pois estavam perdidas a meio ao caos que era o mundo, sua magnitude perdia. Uma chuva fina caia, mas a vampira não importou-se com a água que lhe lavava a alma. Seu mortal veneno, o vinho mais doce, fora conquistado naquele dia por intermédio de um bêbado. Estava sentada, bebendo martinis enquanto observava as olhadelas nada sutis dirigidas ao seu decote provocante. O sorriso misterioso e sedutor fizera ele sair do bar e ao achar que era somente uma prostituta em busca de seu pão diário a seguiu até um beco de mais uma das suspeitas ruas de Londres. O sorriso lascivo do ignóbil e asqueroso homem, luxuriante e satisfeito por ter tido tamanha sorte, transformou-se em pavor. A tentativa de fuga mostrou que ele não passava de inócuo, o cordeiro inofensivo que se postava sem reação na frente da leoa. Como se um empurrão pudesse conter a natureza, a assassina e a sua vítima. O corpo sem mais delongas fora jogado a esmo na sarjeta, perto das latas de lixo onde a criatura deveria estar jogada a muito. Mais um mistério para os policiais que não entenderiam como uma pessoa poderia ter morrido com todo o sangue drenado. A lua observava enquanto a vampira se afastava do local do crime, uma gota de sangue esquecida no canto do lábio, andando apressadamente sob a terra fofa e gélida.

Uma capa negra cobria-lhe, fazendo com que se misturasse com a escuridão. Tal modo de escuridão era bem vindo. Os humanos eram visíveis mas não passava de um fantasma. Um fantasma que faria com que palácios e catedrais, como a que está na sua frente nesse momento, ardessem em uma imensa fogueira. Cidades inteiras destruídas, reis e mendigos ocupando o mesmo lugar. E ao fundo, tocaria uma bela sinfonia, como Nero tocou enquanto Roma ardia nas chamas causadas pela fútil vontade de mais um tirano. Um raio soou ao longe, o céu convulsionando de raiva. Entrou na catedral gótica, saciada de seu banquete sangrento. Estava vazia exceto pela figura de uma velha senhora, mais nova que a vampira. Rezava pelos seus pecados, como uma mulher egoísta, ou pelo dos outros, como uma tola que logo seria apunhalada pelas costas? Riu-se, sentando no banco de madeira bruta desconfortável. Aproveitou para cair-se no poço fundo e interminável que eram as memórias. Uma em especial, onde fitara o céu, sentido, em dor profunda. Agora a dor fora arrancada por metálicas garras da morte.

Sem Deus! Sem pai! Sem mãe! Sem luz! Sem nada! Seu premio? Era uma cova fria... A lua esteve de prova, testemunhou todas as suas inocentes palavras. Só fora mais uma perdida seduzida por promessas vazias. A maldição selou-se com sangue, uma necessidade e um vicio. A humanidade e os sentimentos eram amigas distantes que perderam-se não passando de memórias. Memórias e pensamentos, piores que qualquer carrasco. Sua companheira saiu da catedral percebendo sua presença neste momento e lhe dirigiu um leve sorriso, a imagem do sofrimento humano. Masoquistas. Maldita necessidade humana de manter-se vivo. O ar preenchendo os pulmões e a comida ingerida não passavam de um lento suicídio, pior que a lâmina certeira nos pulsos. Porquê a vida não passava de uma lâmina traiçoeira, que matava mais lentamente e trazia mais dor. Passou a mão no rosto, resgatando a gota de sangue perdida em sua face de porcelana. Levou-lhe a boca trazendo-lhe uma maravilhosa sensação que nenhum humano poderia ter, ou até mesmo comparar. Poderia passar-se por uma jovem comum, mas se encostasse em qualquer um dos crucifixos ou água benta, iria queimar-se. A paz do lugar lhe atingiu como um choque. Vivera em época de guerra e toda a tranquilidade era mal interpretada, chegando a ser desagradável.
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptyTer Dez 11, 2012 10:43 pm

E então a noite caiu, como um manto cobre alguém abandonado, ou a tampa de um caixão cobre um cadáver. Algumas culturas dizem que os anjos arrastam o manto noturno cobrindo a Terra...mal sabiam eles que, se tivessem conhecimento da existência de seres...como eu, diriam que são os demônios que trazem a noite, assim como a Lua seria o olho da morte que os observa e escolhe a quem irá ceifar...e se desse sorte, essa noite ainda ao menos um seria ceifado. Ao ver que o sinal da morte brilhava no céu decido passear um pouco. Achar o vinho que embriagava minh'alma...
Ponho uma roupa "sociável" e logo em seguida saio pelas vielas da cidade, sentindo a chuva fina cair sobre mim. Era algo fora da lógica o que estava acontecendo ali. Eu sentia a morte, e sabia que não mais tinha vida, mas...aquela chuva fina, que caia sobre mim e refrigerava minha alma, fazia com que eu me sentisse vivo de certa forma. Como água que cai sobre o gelo e o derrete lentamente. Assim era eu e minha eternidade. Já havia visto outros vampiros, cada qual com seu fardo, com seu peso secular que se agarrava às suas costas e nunca os daria alívio ou descanso. Como um vulto que os impedia de prosseguir e lhes sugava o seu ser...afinal, a eternidade é um estado estagnado onde nos encontramos, e aqui permaneceremos até que decidamos saber o valor da prata, ou sentir o calor do Sol em nossa pele pálida. Vejo a abadia logo perto, e por um capricho decido ir até lá.

Era tenebroso o modo como o lugar nos transmitia paz e tranquilidade, sendo que qualquer passo em falso meu ali, e eu com certeza esbarraria em algo que me queimaria, isso certas vezes me levava a acreditar que para ter a paz, deveria morrer...mas isso não importava mais. Ao adentrar o local faço o sinal da cruz, talvez por temor, talvez por deboche, ou talvez apenas por costume, e adentro o local. Logo vejo que havia uma mulher ali, poderia ser o meu jantar, pena que não. Me sento no mesmo banco que ela, logo ao seu lado, e observo seus braços, talvez procurando um lugar para cravar minhas presas, era ela bela, e por um deslize a olho nos olhos e então percebo, ela não era uma humana, tinha algo nela...algo que eu conhecia muito bem, algo que eu tinha...a eternidade.
- Olá...vampira.
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptyTer Dez 11, 2012 11:13 pm

O quê fazer quando se tem a eternidade? Os mortais deveriam achar que era benção, mas depois de rodar o mundo e todas as pessoas que você já prezou transformarem-se em nada mais que fertilizante para a terra em que escória, como o seu jantar do dia, pisava, percebia-se que o vampirismo não passava de uma maldição. Alguns não gostavam de matar e por isso o evitavam, mas Alison tinha perdido o remorso a muito, não passando de uma sociopata. Viveu, amou e bebeu a morte, que arrancou da terra seus ossos. A vida não passava de uma reticência, não sabendo para onde ia e o quê faria depois de lá. Os sussurros do vento que não passavam de juras de amor de amantes mortos que tinham beijos mais sombrios que os teus, doce morte. A ideia do suicídio lhe era agradável, mas seria corajosa o suficiente para deixar essa terra de ruína de homens servis para voltar a sua doce tortura, sua designada casa, um futuro depois da enfim morte tão evidente que qualquer falsa vidente poderia prever? Seus pensamentos foram interrompidos pela entrada de outrem que ao aproximar-se, a alemã quase lastimou-se. Não queria uma sobremesa! Mas ao observar as faces delicadas e quase como se fosse escupida por Michelangelo era certo que não passava de um humano.
- Olá, vampiro.
Havia espaço para este mas não o convidaria para sentar-se. Não era falta de educação, era somente frieza. Não tinha emoções, desapontamentos ou qualquer coisa assim. Já lamuriou-se tempo suficiente pela juventude perdida, que fora jogada em um um buraco escuro junto com a esperança e pessoas do passado. Lembrava-se de sua vida mesquinha na Alemanha Nazista, onde participou da Juventude Hitlerista e animava-se com a queima de livros. No fim, die Russen massacraram sua família e fugiu com o vampiro que roubou-lhe a vida, ironicamente, mudando-se para a Rússia depois disso. E que "Deus" salvasse a rainha também, como salvou os Aliados do Eixo.
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptyTer Dez 11, 2012 11:51 pm

Estava imersa em pensamentos, ou apenas não os tinha. Não por ter falta de intelecto, mas pelo fato de ter descoberto que de nada adianta pensar quando já se tem todas as conclusões, quando já se tem todos os segredos, e a morte não passa de o começo de um ciclo que nunca teria fim, e que permaneceria assim até que...dane-se. Não havia porque eu estar pensando nisso. Afinal de contas, quanto tempo fazia desde o dia que emergiu daqueles escombros? No dia em que morreu e viveu...quanto tempo fazia? Não contava os anos, porque já não os tinha mais, mas me lembro bem...era dia de todos os santos, 1° de Novembro de 1755. Sim, eu me lembro bem, como se fosse ontem, afinal, fora ontem mesmo, não contava mais nenhum dia depois daquilo! Sim, era de manhã...estávamos todos na catedral, todos alegres e felizes, entoando cânticos às estatuas que todos diziam serem milagrosas e benditas...até que começou.
As estátuas, aonde todos depositavam sua fé e que devia salvar a todos, foram as primeiras a tombarem, e ao cair no chão, não passavam de gesso e pedras. Foi ai que eu vi o quanto éramos tolos...o que adoraríamos agora? Deus? Era um pouco tarde para clamar a Ele...o teto da igreja estava desabando sobre nossas cabeças, e após aquilo não havia mais nada.

Os escombros que agora se misturavam ao altar partido eram pesados e sólidos. Eu estava vivo, mas não podia me mover. Onde estava sua mãe? Seu pai? Seus irmãos? Queria gritar, mas tinha certeza que se fizesse isso, não haveria resposta. Não havia mais nada a fazer, apenas esperar e morrer...mas pra quê morte quando se pode ter algo alem dela? Com certeza já haviam se passado algumas horas desde tudo aquilo. Sinto que uma mão forte segurou minhas vestes e me ergueu para fora dos escombros. Logo em seguida sou mordido no pescoço e jogado longe. Eram vampiros que se misturaram aos saqueadores para se alimentarem do sangue ainda fresco dos corpos.
Senti a transformação ocorrer e após aquilo houve a Tsunami e os incêndios...adeus vida.
Pisco os olhos tentando afastar as lembranças de quando eu era vivo e volto a me concentrar na vampira ao meu lado. Encosto meus braços no banco da frente e olhando para a estátua do Cristo que estava crucificada eternamente no centro do altar a pergunto :
- É estranho né...? Tudo o que nos dá paz nos mata...menos a eternidade, que nunca dá paz, e muito menos nos mata...a monotonia me aflige. Mas certamente não quer saber disso então me perdoe. Não é muito comum encontrar vampiros aqui...o que está achando da eternidade?
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptyQua Dez 12, 2012 12:14 am

Os armamentos que fulminaram as muralhas da cidade de pedra, Berlim, fundiu-se em ondas fatais para a Alemanha, sendo conhecida como a Batalha de Berlim. Grande coisa, afinal, a imortalizada fora a de Stalingrado. Vira reinos secaram-se em desertos nesse espaço de tempo, mas a vampira não mudara, o tempo não pondo um traço em sua face, trazendo-lhe uma frustração que era desejada por muitas mulheres. Como és agora, era na aurora da criação. Tu, espelho glorioso, não mudaste com o passar do relógio. Foram oitenta e seis anos em que andou em um ondear sombrio como uma sublime imortal, no mundo calmo ou convulso, com brisa ou vendaval. Insondável, sozinha avanças a cada momento, simplesmente sendo terrível. A verdade é que daria tudo para conseguir novamente os folguedos juvenis de outrora. Agora, o máximo que lembrava-lhe da infância que perdera completamente eram peças escolares banais e pueris de um professor qualquer. Tantas vontades, mas certamente, mesmo com tanto rancor, jamais se rebelaria. Lembrava que descansava mansamente, e Hans lhe tomara no calmo sono, selando seu triste fim com somente um gesto, que lhe feriu sem cura. Como seria bom que seu coração que parara de bater a muito, pudesse ver cada fundo pensamento, pois assim descongelaria seu coração de pedra. Antes não sabia como era mal deixá-lo assim, mas por fim viria a saber, sendo tarde de mais. O fim.

A fala apressada do loquaz vampiro, lhe deu mais pensamentos. Na modernidade, muitos humanos ansiavam por paz. Talvez fosse este o motivo das igrejas, já que não acreditava na "fé". Talvez porquê a perdera. Preferia deitar-se como uma estátua, lendo ávidamente livros em diversas línguas que lhe foram deixados de herança. Dinheiro, algo muito importante na atualidade, e para a alemã só passava de meia dúzia de zeros em sua falsa conta bancária que conquistara com o maldito tempo. Tinha os três volumes em alemão de Assim Falou Zaratustra, seu livro favorito que lia repetidamente, roubado de um lugar qualquer. Sim, admitia não terminara de ler Genealogia da Moral, mas afinal, somente crianças mal educadas precisavam de moral, retiradas de histórias fantasiosas dos Grimm.


- Boa em alguns momentos e terrível em outros, como agora.

Essa era a verdade, que poderia destruir e unir, mas nunca corações em um golpe súbito apartar. Dizia palavras de tristeza maiores que os mortos lastimar, enquanto em outros lugares do mundo, murmurava enquanto o coração pulsava suave "Teu amor ter-me-ia abençoar!". Ou estava somente sendo fiel ao eterno romantismo renascentista? Na época em que era viva, a chama do amor ainda ardia! Mas o amor estava extinto, como vira um dia sua alma a deixar? Deveria pelo menos felicitar-se por ainda possuir a Bourbon Street?
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptyQua Dez 12, 2012 10:22 am

Era uma mulher de poucas palavras, ou até de nenhuma. Ficava a pensar qual o tipo de personalidade a faria ter uma conversa decente. Sua atitude indiferente me fizera ficar sem ideias do que dizer. Sim, eu iria insistir em ter uma conversa com ela. Não é sempre que encontro alguém como eu. Ainda mais alguém como ela. Observo a arquitetura do local, e fito as imagens. Imagens duras, estáticas e indiferentes. Centenas de pessoas se prostravam perante a mesma. Mas e se, aquelas imagens caíssem no chão como outrora? O que eles fariam? Se prostrariam perante o resto das mesmas? Mandariam fazer outras, e continuariam esse ciclo infernal. Se prostrar diante de pedaços de gesso moldado, troncos de árvores envernizados, e até tinta óleo nas paredes. Que fixação seria essa por ter algo feito pelo próprio homem, e ainda por cima inanimado para se humilhar? Quem deveria estar no altar ao invés das imagens éramos nós, vampiros. Somos frios, imparciais, rosto petrificado e com efeito de maciez, assim como as obras de Michelangelo, e ainda por cima, somos vivos. Sim, seríamos deuses, pena que o acaso nos pregou uma peça. E essa garota ao meu lado, quem seria? Sua história antes de morrer, e até porque ainda aguentava essa monotonia.

Me viro para ela e observo seus traços, que me lembravam um diamante. Lindo, sedutor, com traços delicados mas impossíveis de serem quebrados ou mudados. Será que já atingira a loucura? Chegara ao limite do extremo e fizera da sanidade apenas uma utopia irrelevante? Ou já ultrapassou o limite da loucura, assim igual fez com o limite da vida? E estaria em outro estado de espírito. Um onde a loucura e a sanidade não existiam, onde cujo lugar se situava entre os deuses exteriores. Onde tudo existia mas não se tinha consciência de nada...oras, pra quê ficar lastimando algo que nos é tão saboroso, como um doce veneno, que nos satisfaz e nos mata aos poucos.
Olho para ela e pergunto :
- Não és de falar correto?
Ao ver que ignorara a pergunta, desço os olhos e observo seus dedos dispostos sobre sua perna. "A morte era bela" penso. Logo em seguida me lembro de algumas palavras que se encaixavam perfeitas nesse momento. Um poema para ser mais exato. Era um certo capricho meu decorar poemas, acabei me interessando por eles quando a monotonia me atingiu em cheio.
Sem mais delongas começo a recitar.


-Sonhei e não era propriamente um sonho.
O sol se apagara, as estrelas vagavam opacas no espaço eterno.
(Perdidas, não cintilavam mais)

A Terra, gélida e cega, oscilava obscura no firmamento sem luar;
Lampejos abriam as trevas, mas o dia não retornava.
Apavorados seres humanos abandonavam suas paixões.

Naquela devastação e percorridos por calafrios, desunidos corações,
– em egoística prece – clamavam pela claridade.
Súditos e reis ocupavam o mesmo lugar,
Palácios e choupanas crepitavam em imensa fogueira;
Cidades inteiras foram destruídas.

Ao redor de suas moradas em chamas, os homens se entreolhavam.
(Ah, viver no interior das crateras dos vulcões!)
O mundo em convulsão;

Florestas abrasavam em trincados e estrondos de troncos.
(No infinito, o negrume.)
Cadáveres brotavam na superfície,
Relâmpagos cortavam o tétrico cenário.

Alguns ocultavam os olhos horrorizados, em pranto;
Alguns apoiavam o queixo nas mãos, num esgar patético,
Outros andavam numa e noutra direção ateando fogo ao monturo funéreo;
Sondavam, enlouquecidos e inquietos e céu abafado, mortalha de um mundo perdido;
Esbravejavam, lançavam-se ao chão, rangiam os dentes, urravam.
Aves selvagens guinchavam aterrorizadas batendo, em vão, as asas.
(Até caírem por terra).
As mais horrendas feras aproximavam-se – mansas, trêmulas;
Víboras rastejavam multiplicando-se em meio à multidão
– desprovidas de chocalhos, assobiavam mortas de fome.

A Guerra findou, saciada em melancólico banquete sangrento.
Amantes não tiveram a chance da despedida.
A Terra era um só pensamento: a iminente e inglória Morte,
Apascentando-se das vísceras humanas.

Defuntos em ossos e carnes insepultos.
A voragem miserável obrigava até os cães a devorarem seus donos.
Exceto um, fielmente atado à coleira – latindo, protegia
Pássaros, feras e homens desesperados.
Habituar-se-iam à penúria,
Ou a Morte os subjugaria com suas poderosas mandíbulas.

O cão tentou encontrar alimento.
Num lamento, lúgubre, infindável,
Chorando, solitário, lambia a mão do dono, inerte e indiferente ao afago.

Duas cidades sobreviveram.
A contenda se deu junto às brasas do altar.
Objetos sagrados eram profanados.
Legiões de cadáveres lutavam na penumbra,
Erguendo as esqueléticas e frias garras.
Montes de cinzas impelidas no sopro derradeiro
(burlesca imitação da vida).
Olhos desorbitados sobressaíam à pálida luz restante.
Figuras hediondas guinchavam e sucumbiam irmanadas.
Irreconhecíveis semblantes esculpidos pelo demônio.
O mundo – um vácuo –
Tão somente solidão. E a massa informe.

Primavera não, nem outono ou inverno; nem verão...
Ausência de árvores, de pessoas, de vida.
A Morte – caos da horripilante argila humana.

Restaram os oceanos, os rios, os lagos em cujas profundezas
Os navios apodreciam, os mastros despencando em pedaços.
Jaziam para sempre no abismo sem ondas.
A lua amante e amada, exalara antes.
Os ventos secaram no ar estagnado,
As nuvens pereceram.
Escuridão absoluta.
Trevas.


Aquelas palavras atuavam como um turbilhão dentro do meu ser, pois sabia que cedo ou tarde isso aconteceria, e só cabia a mim escolher se iria ficar para ver, ou limparia minha existência antes. A olho, procurando algum traço de expressão. - É isso o que a eternidade tem a nos oferecer...decerto ficaria louco quando isso caísse sobre mim...mas pra quê fugir se isso é a única coisa que nós sentimos de forma intensa e fatídica? Não sei o porquê de eu estar falando isso a ti, apenas quero que me fale algo que se estenda por mais de duas frases, que me faça saber que tem alguém que me entenda, e que me livre dessa psicose...ou que simplesmente me faça ter a certeza que estou sozinho e que todos não passam de uma ilusão minha causada pelo choque da morte.
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptyQua Dez 12, 2012 1:02 pm

Sentia-se que cada hora era mais um passo para o abismo, então nunca o atingiria. Horas fugitivas, para onde voastes? Abaixou sua face de mármore olhando para as mãos descansadas nas vestes negras. Preto no branco, Ying e Yang. Suspirou, os olhos percorrendo, então, as portas da igreja, olhando para as estrelas, que como Byron falavam "Vagavam opacas no espaço eterno". Talvez só soubesse lastimar, mas lastimava por elas que eram belas e grandiosas nos tempos dos deuses, mas que agora só passavam das guias de um marinheiro bêbado e aflito, sem recompensas por suas rondas no vasto céu, que não fossem poemas. O poema de Byron que o vampiro recitara, Escuridão, lhe era tão familiar que parecia que ela mesma o tinha escrevido, por meio de eufemismo. Levava uma vida vazia até chegar com asas de anjo, só se fosse um caído, o poema em sua vida. Poucos entendiam a insanidade, os sentimentos conflituosos por trás das palavras, e não sabia como muitas medíocres almas humanas conseguiam viver sem o prazer da poesia e filosofia. Talvez não tivessem vida, a final.

- És loquaz, mein lieber Vampir. Acreditas que sou silenciosa, mas não há motivos para muitas palavras. Goethe dissera que poemas são como vitrais pintados. Minha insanidade não chega a dele, por isso não compreendi. Mas parece-me que Byron criara ótimos vitrais. Aceite a imortalidade e não tenha medo da escuridão. Se me deparasse com o quê ocorrera no poema, dançaria em volta do fogo ardente.

Dirigiu-lhe um sorriso enigmático, surpreendendo-se por ter falado tanto. Normalmente não o fazia. Sabia, como soubeste do Gênesis de sua felicidade, que pelo tom frio e sério em que proferiu seus impulsivos pensamentos, que o vampiro não acreditaria que seria capaz de dançar, mesmo em tamanho paraíso onde tudo sempre seria noite.
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptyQui Dez 13, 2012 9:35 am

Decerto a razão era como uma faca de dois gumes, você poderia ter a sanidade de um lado, e com um simples giro, do outro, ter a total falta de sanidade, a mais pura, doce, e estranha loucura. A morte poderia nos traumatizar, mas ela não existe, não para nós. Eu poderia dizer a ela que ela era louca, mas não. A genialidade se encontrava na loucura, na visão inversa e distorcida do mundo em que vivemos. Já a sanidade se encontrava na monotonia bastarda que nos esmaga o juízo. Eu porém estava no meio. No pequeno, porém infinitamente profundo, abismo que divide os dois. Eis aqui o Caos. Onde tudo se choca brutalmente e os estilhaços se juntam formando algo irracional e estúpido. E aqui estava eu. Porém eu poderia muito bem escolher onde ficaria, e as palavras daquela vampira ao meu lado me ajudaram a decidir. Me encosto no banco e relaxo, dando um suspiro profundo e puxando um cigarro do bolso para acender e tragá-lo logo em seguida, deixando a fumaça subir até onde havia mosaicos dos santos. - Você tem razão...não há porque ter um colapso logo agora. A eternidade ainda tem muito a nos oferecer, e o preço disso é o tédio mortal. Mas quem sabe um dia, as coisas mudem não é? - Estendo o cigarro para ela. - Aceita? É uma ajuda pra enfrentar os dias. E creio que vampiros não sofrem de pulmão.

O olhar indiferente dela indicava que eu não era uma compania muito interessante, e que a qualquer momento ela poderia levantar-se de súbito e simplesmente ir embora, mas ainda havia uma pergunta que veio como um flash, vinda de suas feições angelicais e ternas. - Você...sente dor? Ou alguma vez sentiu depois de sua morte? O que posso dizer; não sei se todos nós somos como pedras. É tudo tão bagunçado. - Aquela pergunta poderia soar sem sentido, mas para mim poderia esclarecer muita coisa, se tem algo que não posso negar, é que a dúvida me atormenta desde cedo.
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptySex Dez 14, 2012 6:39 pm

Um cigarro. Não o queria, mesmo sabendo que era impossível morrer. Não entendia o porquê de recusar, talvez por seus pais detestarem cigarros e bebidas alcóolicas. A verdade é que todo vampiro vivia em uma tristeza imóvel e sem fim, não tendo nenhum repouso. Não podia sorrir novamente, como sorrira em outrora. Não chores, e que afaste-se do que chorarias. Aquele corpo não podia lágrimas derramar pela dor secreta que trazia. Mas porquê o vampiro queria saber se sentia dor, se não era cruel todo tempo? Afinal, ele faria menos atroz a dor que sugara toda possível alegria e juventude? Não era o ódio, ou até mesmo o amor que já sentira na aurora, não era o quê perdera com o beijo fatal da morte, não era sua baixa ambição ou sua pouca admiração pela vida que fazia opor-se ao seu estado. Era saber que tudo que sentia estava perdido, que não passava de um corpo sem alma, como um músico sem audição. Tudo que encontrava, escutava ou via era um tédio que não tinha como escapar, que estaria sempre a deriva, querendo dar o bote da cobra. Acredite, meu amigo, o vampirismo não é para amantes ficarem a eternidade juntos como nos livros desgastados e monótonos da modernidade. O coração de um homem dentro, não passa de um inferno. Nem tudo é sobre amor e beleza, que não nos dá prazer. Seu corpo não passas de um mero fantoche e seus olhos não possuem nem um remoto encanto.

- Somos seres da escuridão, que vivem uma meia vida. A dor só pode ser pelo o quê passou e podemos evitá-las como se evita a memória. Pode fugir de si? Mas pode fugir da solidão. Eu abracei-a como uma velha amiga nesses oitenta anos, farás o mesmo?

Mesmo nas zonas distantes, desabitadas ou não, sempre voltava para noites frias em Berlim, onde estava seu coração. O único sentimento que ainda possuía era uma fugaz saudade trazido pelo pensamento, um demônio desde o fenecimento. Uma praga, nomeada como existência, sempre a caçava, a única caça em que conseguia ser a vítima. Em muitos ambientes tem o fardo de ir-se, sempre com seu recordar amaldiçoado nos ombros carregar. Seu consolo é o quê ocorrer embora, o pior já foi lhe dado.
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MensagemAssunto: Re: Abadia de Westminster   Abadia de Westminster EmptySex Dez 14, 2012 9:08 pm

Como ela pode ter falado tudo que eu sempre quis expressar, em uma frase tão pequena? Sempre tentei imaginar como seria a personificação da solidão. E em todas as vezes era uma mulher atraente e com um toque leve de vulgaridade e sedução. E em todas as vezes ela se agarrava a mim, com sua voz preguiçosa e sensual, e era impossível sair dela, e tudo que eu poderia fazer seria abraçá-la de volta, e ser seu brinquedo. Sem mais o que falar, saio dali com Alison.
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Abadia de Westminster

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